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quinta-feira, 15 de março de 2012

MAPUTO, Prostitutas arriscam a vida por 200 meticais

Moçambique é um dos países mais pobres do planeta e que tem 11,5% da sua população infectada com o vírus do HIV/SIDA, de acordo com dados do Inquerito Nacional Sobre o HIV/SIDA (INSIDA) realizado em 2009 - um dos índices mais altos do mundo, prostitutas arriscam suas vidas diariamente porque muitos de seus clientes se negam a usar preservativos.

A nossa reportagem, escalou a baixa da cidade de Maputo no último fim-de-semana para viver in-loco a situação de sexo comercial que tende a ganhar contornos alarmantes uma vez estar a ser praticada tambem por adolescentes, algumas das quais alegando estar a praticar a actividade por simples prazer e outras para o seu auto-sustento.
“Quando pedimos aos clientes para usarem preservativo, alguns aceitam, mas outros não querem nem ouvir", disse Martinha, 28 anos de idade, prostituta que frequenta a “zona quente” há seis anos.
Em Maputo, o comércio do sexo começa no fim da tarde nos principais centros daquela actividade, nomeadamente as avenidas Olof Palme, Julius Nyerere, Kennet Kaunda e 24 de Julho que ficam cheias de prostitutas, algumas beirando os 14 anos, que em muitos casos migram para a capital vindas de regiões remotas do país.
A prostituição não tem legislação específica em Moçambique, mas o sexo como actividade comercial não é proibido.
“PAGO FACULDADE E SUSTENTO MINHA MÃE E MEU FILHO”
Anita, uma das trabalhadoras de sexo para quem o autor destas linhas se fez passar por cliente para conseguir informação, disse que frequenta uma das prestigiadas universidades de Maputo – que temos o registo do nome, mas que não publicamos por razões eticas – e não tem divida de alguma mensalidade, porque consegue pagar a sua escola sem muitos esforços com o dinheiro do negócio do seu prazer.
“a minha mãe e meu filho vivem na base do dinheiro que faço aqui”, disse a jovem de 23 anos de idade, que disse facturar diariamente cerca de dois mil meticais, valor que sobe para quatro a cinco mil meticais aos fim-de-semana dada a demanda pela procura dos serviço que ela própria orgulha-se de fazer “muito bem”.
Questionamos em que termos a jovem despede-se da mãe quando vai fazer o sexo comercial tendo respondido que “apenas digo que vou a faculdade, quando na verdade vou a faculdade de manhã, então ela pensa que de manhã vou trabalhar e estudo a noite”.
Quisemos saber ainda da jovem se lhe aparecer um namorado com boa proposta de mesada aceitaria abandonar a vida que leva ao que disse “basta pagar-me o valor equivalente ao daqui, ou seja 60 mil meticais mensal ou oferecer-me uma vida de luxuria”.
O autor destas linhas que aquando das negociações se fazia transportar no Toyota Grande Mark II, a versão mais recente da série Mark II, simulou aceitar a proposta de ser namorado da jovem, ao que ela aceitou de imediato.
Dia seguinte, na hora marcada ficou o nosso repórter estupefacto quando viu a jovem a sair de uma casa com condições básicas de sobrevivencia, e que nada segundo a sua vista justificaria que a jovem levasse aquela vida.
Tal resposta, levou-nos a concluir que maior parte de jovens que frequentam aquela actividade não está ligada a debilidades financeiras, mas sim para caprichos ou para procurar igualar-se as demais cujas familias estao dotadas de poder de compra.